Diálogos Ecomídias

Postado por Fabio | 15:26 | 0 comentários »

LOCAL: Centro de Convenções Frei Caneca – Rua Frei Caneca, 569 - Consolação - São Paulo/SP
DATA: 3 de setembro de 2009
HORÁRIO: das 8h30 às 17h

Evento será realizado junto à 2ª FIBOPS – Feira Internacional para o Intercâmbio das Boas Práticas Socioambientais.

PÚBLICO: Pessoas ligadas à comunicação, jornalistas de mídias e assessorias, publicitários, marketeiros e estudantes, além de pessoas interessadas na construção de um futuro saudável.
REALIZAÇÃO: Instituto Envolverde e Ruschel & Associados
http://www.envolverde.com.br/ - http://www.ruscheleassociados.com.br/

APOIO: 2ª Feira Internacional para o Intercâmbio das Boas Práticas Socioambientais
http://www.fibops.com.br/

INSCRIÇÕES E INFORMAÇÕES: instituto@envolverde.org.br

(11) 3034-4887 / 3539-5743 com Ana Maria

ENTRADA FRANCA – vagas limitadas


_____________________________________________________

Jornalismo e Publicidade são partes de uma mesma equação para levar
informação de qualidade à sociedade.

Jornalismo sobre meio ambiente, desenvolvimento humano e sustentabilidade e publicidade sustentável precisam andar de mãos dadas para levar à sociedade informações relevantes para a construção de um futuro baseado em uma economia de baixo impacto ambiental e alta relevância social.

Diálogos EcoMídias – É um momento para a reflexão do papel do jornalismo e publicidade na transformação dos modelos de produção e consumos para um formato que garanta a vida com qualidade nas próximas décadas e séculos.

PROGRAMA:

8h30 -Recepção e Credenciamento

9h / 9h30 - Abertura – Dal Marcondes, diretor da Envolverde

9h30 / 12h - Diálogo Jornalismo e Sustentabilidade – Um debate sobre o papel dos jornalistas e da mídia socioambiental.

- Participantes
· Dal Marcondes – Moderador
· Luciano Martins – editor Observatório da Imprensa
· Peter Milko – editor Horizonte Geográfico
· Ricardo Voltolini – editor Ideia Socioambiental
· Carlos Fioravanti – editor Revista Pesquisa Fapesp

40 minutos de debate com a platéia.

12h / 14h -Almoço

14h -Abertura – Rogério Ruschel, diretor da Ruschel & Associados Marketing Ecológico

14h30 a 17h - Diálogo Marketing da Sustentabilidade – Um debate sobre o papel do marketing na construção da sustentabilidade

- Participantes
· Rogério Ruschel – Moderador
· Gladis Éboli – diretora de comunicação Instituto Ethos
· Alcides Cruz Jr. – Prof. da FEI e da Faculdade Anhembi-Morumbi
. Backer Ribeiro Fernandes – Prof. do Instituto MAUÁ e das faculdades Metodista e Braz Cubas
. Vilmar Berna - Publisher da REBIA

40 minutos de debate com a platéia.

O Instituto Envolverde vai dar certificado de participação a quem ficar nos dois debates.
Essa programação pode ser alterada sem aviso prévio.

Leia Mais
_____________________________________________

Textos para Alimentar a Discussão

A Importância da Mídia Ambiental


Por Vilmar Berna (*)

As informações ambientais chegam à opinião pública através dos veículos da chamada Grande Mídia, não especializada em meio ambiente, e dos veículos da Mídia Ambiental, sejam institucionais, que refletem as opiniões e informações de uma determinada organização, ou não-institucionais, que procuram mostrar diferentes ângulos da questão. Apesar das diferenças, inclusive ideológicas, tratam-se de mídias complementares.

Os veículos da Grande Mídia dispõem de recursos que a mídia ambiental não tem, por exemplo, na cobertura de um grande acidente ecológico, quando o interesse dos veículos não especializados dura o tempo em que o problema ambiental permanece visível. Já a mídia ambiental tende a manter o assunto na pauta mesmo depois de passado o problema, oferecendo à opinião pública uma análise mais aprofundada sobre as conseqüências, responsabilidades, desdobramentos.

A informação ambiental de qualidade e em quantidade suficiente é ferramenta indispensável para a formação e mobilização da cidadania ambiental. Por outro lado, informação ambiental deficiente, mentirosa, incompleta, pode levar à desmobilização da cidadania.

Quanto ao aspecto ideológico, a diferença entre diferentes mídias pode ser enorme. Os veículos da Grande Mídia são de propriedade de poucas famílias e tendem a reproduzir o pensamento do modelo econômico dominante. Já a mídia ambiental está mais ligada à resistência social, à denúncia, à crítica, à oposição a este modelo dominante. Existem exceções em ambos os lados, mas que apenas confirmam as regras.

Entre os veículos da mídia ambiental, por sua vez, existem aqueles que focalizam em sua pauta mais os aspectos da natureza, seja suas agressões ou belezas, outros veículos focalizam mais os aspectos produtivos como gestão ambiental, tecnologias, legislação, licenciamento, e outros ainda os aspectos sociais e políticos. Então, mesmo entre os veículos da mídia ambiental, existe uma complementaridade entre eles.

O desafio é como sobreviver sem recursos diante de uma sociedade que, apesar de precisar de informação ambiental a fim de fazer escolhas melhores entre as diferentes alternativas, não se dispõe, pelo menos ainda, a comprar esta informação, seja nas bancas seja através de assinaturas? Este desafio tem sido enfrentado dia a dia pelas mídias ambientais e cada uma tem buscado seu caminho de sobrevivência, sempre com muita dificuldade, quase como uma missão de cidadania ambiental, uma espécie de apostolado.

Existem organizações da sociedade civil, geralmente comprometidas com mudanças, que editam mídias ambientais de distribuição gratuita, mas são veículos que, apesar de importantes para democratizar informações institucionais, estão comprometidos em divulgar notícias e informações de interesse das causas que defendem, constituindo-se em veículos limitados para o grande público que não pertence a tais organizações.

Resta uma pequena quantidade de revistas, jornais, rádios, TVs e sites dedicados de forma plural à democratização da informação ambiental, entretanto, somadas as tiragens, não chegam a atender 10% da sociedade brasileira. A mídia ambiental brasileira ainda é uma ilustre desconhecida da sociedade em geral. Não é à toa que o pensamento dominante na sociedade ainda considere a poluição e a degradação ambiental como preços a pagar pelo progresso. Apesar de falso, este pensamento tem contribuído para a desmobilização da cidadania e para a perpetuação do atual modelo dominante.

A alternativa de financiamento para a mídia alternativa não-institucional pode estar no acesso às verbas de publicidade dos governos federal, estaduais e municipais para a comunicação ambiental, como já é feito com os veículos da chamada Grande Mídia não-especializada, incluída, através de suas agências de publicidade, em seus planos de mídia. Também pode estar no financiamento através da publicidade de empresas líderes que, apesar de poluidoras, aceitam as críticas como inerentes a qualquer sociedade democrática, e mesmo vêem nas críticas uma possibilidade de se anteciparem a problemas que poderão gerar multas e perdas de produção.

(*) Vilmar Berna é editor da Revista do Meio Ambiente, do boletim Notícias do Meio Ambiente e do http://www.portaldomeioambiente.org.br/ Em 1999, foi o único brasileiro reconhecido pela ONU com o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente.

Os 6 pecados do greenwashing


Por Rogerio Ruschel (*)

Greenwashing é a apresentação inexistente ou inadequada de benefícios ambientais ou socioambientais apresentados por empresas, serviços ou produtos. Recente estudo realizado com 1.758 promessas encontradas nas embalagens de 1.018 produtos disponíveis no mercado dos Estados Unidos, revelou os seis pecados do apelo greenwashing.

Veja quais são eles:

Pecado dos Malefícios “esquecidos”
O principal pecado encontrado na pesquisa, estando em 56% dos produtos pesquisados, se caracteriza pelo fato do produto destacar apenas um benefício ambiental e “esquecer” os outros. Exemplos: Meu produto é reciclável (mas é extremamente gastador de energia e água para ser produzido); meu produto é feito sem teste em animais (mas sua decomposição natural pode prejudicar a cadeia alimentar natural).

Pecado da Falta de Provas
Representando 26% das promessas encontradas, é utilizado por produtos que anunciam benefícios ambientais sem comprovação científica ou certificação respeitável. Nesta categoria são encontrados xampus que não são testados em animais, produtos de papel com uso de material reciclado, lâmpadas com maior eficiência energética – todos sem comprovação dos argumentos disponível ao consumidor.

Pecado da Promessa Vaga
Entre as promessas vagas – encontradas em 11% dos produtos pesquisados – estão produtos “não-tóxicos” (e sabemos que qualquer produto em excesso pode intoxicar uma pessoa); produtos “livre de químicos” (o que é impossivel, porque todos os insumos de todos os produtos têm elementos químicos em sua composição); “100% natural” (urânio, arsênico e outros venenos também são “naturais”); “ambientalmente produzido”, “verde”, “conscientemente ecológico”, todas promessas 100% vagas. E estamos falando de embalagens – imagine aqui no Brasil as promessas vagas que vimos diariamente na propaganda…

Pecado da Irrelevância
Pecado encontrado em 4% dos produtos pesquisados, se caracteriza por destacar um benefício que pode ser verdadeiro, mas não é relevante. A mais irrelevante das promessas foi a relacionada ao CFC, banido do mercado norte-americano nos anos 70: inseticidas, lubrificantes, espumas de barba, limpadores de janelas e desifetantes, por exemplo, todos livres de CFC. A promessa é irrelevante porque se não fossem livres de CFC estes produtos não teriam licença para estar à venda no mercado…

Pecado da Mentira
Encontrado em 1% dos produtos, é simplesmente uma mentira deslavada.

Pecado dos Dois Demônios
Encontrado em 1% dos produtos, são benefícios verdadeiros, mas aplicados em produtos cuja categoria inteira tem sua existência questionada, como cigarros orgânicos, inseticidas ou herbicidas orgânicos.


E o greenwashing tupiniquim?

Este tipo de pesquisa de análise de promessas de sustentabilidade socioambiental nas embalagens dos produtos infelizmente ainda não foi feita no Brasil. Na verdade sequer temos condições de avaliar o greenwashing na propaganda comercial ou na cobertura jornalística – territórios ainda sem metodologias para fazê-lo.

Como um exercício de foro íntimo podemos fazer algumas reflexões:

Quando será que o CONAR, que retirou a publicidade da Petrobras do ar porque se dizia uma “empresa sustentável” mas não tomava medidas para cumprir o acordo do PROCONVE, vai adotar legislação sobre o greenwashing em embalagens de produtos?

Você conhece alguma promessa publicitária “vazia” feita por grande anunciante que fala mais do que faz – digamos assim, um grande clássico do greenwashing publicitário?

Você considera éticamente correto uma empresa investir “x” em um projeto socioambiental e investir até 3 vezes mais do que este valor para comunicar este fato? Isto pode ser considerado greenwashing?

Os critérios de conceituação e definição de greenwashing devem ser uma iniciativa do Estado (regulamentação oficial), do Mercado (regulamentação da iniciativa privada) ou da Sociedade (regulamentação pela preferência de compra)?

(*) Rogerio Ruschel - rogerio@ruscheleassociados.com.br - é diretor da Ruschel & Associados Marketing Ecológico e editor da revista eletrônica “Business do Bem – Economia, Negócios e Sustentabilidade” - http://www.ruscheleassociados.com.br - e autor de 6 livros sobre o tema.

Os Dez Mandamentos da Empresa Responsável

Por Rogerio Ruschel (*)

1 - Identifique os problemas socioambientais potenciais e reais existentes em todas as áreas da empresa - e não só na área de produção. Pode-se economizar energia e matérias-primas, reciclar materiais e reduzir hábitos esbanjadores em toda a organização

2 - As soluções devem ser técnicamente honestas e políticamente desejáveis - investimentos em responsabilidade socioambiental devem ser planejados como aqueles que aumentam os lucros

3 - Promova mudanças comportamentais de “cima para baixo e de dentro para fora”. Os diretores devem dar o exemplo e a empresa só deve divulgar seu esforço em responsabilidade social depois de ter feito as “lições de casa”

4 - Situe os valores socioambientais no contexto da cultura corporativa de maneira irreversível, no “DNA da empresa” - e zele por eles

5 - Permita e promova a contribuição dos funcionários. Programas de mudança comportamental precisam ser participativos, e os de caráter socioambiental geralmente motivam iniciativas individuais muito ricas

6 - Estenda suas conquistas socioambientais a seus fornecedores e parceiros de negócios. No fundo todos querem mudar, mas alguns podem precisar de uma ajuda especial, de um empurrãozinho

7 - Ouça a comunidade e trabalhe em conjunto com ela e não contra ela. O “inimigo”, a inércia, é comum a todos e a parceria é sempre a melhor solução

8 - Entenda educação ambiental como parte da formação básica e indispensável dos funcionários que tomam decisões na empresa - hoje e no futuro

9 - Tenha paciência e calma com ataques externos agressivos: ambientalistas, lideranças sociais e jornalistas também estão aprendendo a conviver. Diálogo é sempre o melhor caminho

10- Prepare-se para a construção de novas relações éticas e estratégicas com o mundo externo. Este será um aprendizado dificil e completamente novo.
(*) Rogerio Ruschel - rogerio@ruscheleassociados.com.br - é Presidente da Ruschel & Associados Marketing Ecológico, editor da revista eletrônica “Business do Bem – Economia, Negócios e Sustentabilidade” - http://www.ruscheleassociados.com.br - e autor ou editor de 10 publicações sobre o tema.